terça-feira, 24 de maio de 2011

PROJETO: UM DIA DE ÍNDIOS NA ESCOLA

Dautur Turismo Ltda.
Professor Adnir Ramos
Faculdades Integradas ASSESC
Instituto Mãe Terra
Winni Rio Apa

Este projeto, de caráter executivo, propõe uma intervenção discreta na aldeia Tekoa Marangatu, município de Imarui, estado de Santa Catarina, acompanhada de um programa de educação cultural a ser desenvolvido, prioritariamente, entre os índios Guarani daquela aldeia e os alunos das escolas da Grande Florianópolis. O projeto é dito executivo porque, a partir da necessidade de um programa de assistência social àquela comunidade, iremos, em conjunto com as escolas,
valorizar e ajudar a preservar a cultura indígena e suprir algumas necessidades emergentes na aldeia, além de oportunizar aos estudantes o contato com aspectos culturais e artísticos dos Guaranis. Não configura, pois, um programa de pesquisa ou um programa pedagógico de maior alcance ou duração. Ao contrário, seus objetivos são pontuais e específicos.

Evidentemente, a concretização deste projeto poderá abrir caminho para futuros projetos de pesquisa nas aldeias da região que, a priori, parece extremamente interessante para as Ciências Sociais (Universidades). Ao mesmo tempo, por suas características éticas e sociais, pode ser facilmente absorvido por empresas que tenham preocupação com o exercício da responsabilidade social.

Por estas razões, as intervenções externas serão mínimas. Apenas pretendemos dar continuidade a um projeto solidário que já está em curso e trazê-los até as escolas para que possam apresentar seus atrativos culturais e, com isso, arrecadar alimentos e recursos para equipar sua oficina de trabalho e artesanato. A intervenção em questão se faz necessária devido a dois fatores distintos, igualmente importantes. De um lado, há o fato de que, por conta de interferências
dos imigrantes europeus nas Américas, a partir do século XV, os quais invadiram as terras ocupadas primitivamente pelos povos indígenas e tornaram escassas suas reservas naturais, um auxílio social mínimo é indispensável. Por outro lado, tendo em vista a circunstância como tal etnia encontra-se desamparada, considerou-se fundamental um programa de educação cultural que, ao expandir a conscientização da população local (e, eventualmente, regional) em relação ao patrimônio cultural, estimule a preservação das culturas autóctones de Santa Catarina.

Os objetivos aqui apresentados sucintamente, são os seguintes:

  • levar um grupo de índios guaranis da aldeia Tekoa Marangatu para passar um dia por semana em um colégio da Grande Florianópolis, a fim de fazer um intercâmbio cultural com os alunos das escola;
  • a seguir, um grupo de alunos da escola passaria um dia na aldeia, aprendendo, ensinando e prestando serviços para a comunidade. Este intercâmbio tem como finalidade arrecadar alimentos e 1(um) real por aluno participante, com a finalidade de construir na aldeia um espaço cultural, uma casa de reza, uma sala para instalar um ambulatório odontológico e comprar ferramentas para fazer artesanatos, hortas e materiais de apoio ao projeto.

HISTÓRICO DO PROJETO:

Para comemorar o Solstício de Inverno do corrente ano e apresentar as pesquisas sobre arqueoastronomia realizadas em Florianópolis, convidamos o coral dos índios Guaranis da aldeia Tekoa Marangatu de Imaruí. Ao chegarmos na aldeia constatamos que os membros daquela comunidade estavam vivendo uma pobreza gritante, onde a falta de alimentos, agasalhos e assistência médica eram os problemas mais visíveis.

Fizemos uma palestra pública no auditório das Faculdades Integradas ASSESC e recolhemos dos alunos e participantes alimentos e agasalhos para doar àquela aldeia. Também recebemos o apoio das Faculdades Integradas - ASSESC, DAUTUR Turismo, Santa Fé Veículo, Tractebel Energia S.A., Hospital de Caridade e da Fundação de Saúde dos Servidores Públicos. Com este evento conseguimos, além de agasalho e alimentos, um consultório odontológico completo e uma equipe de especialista voluntários que darão assistência odontológica aos índios periodicamente.
Com o início dessas atividades na aldeia, percebemos que as necessidades foram supridas naquele momento, mas que seria necessário dar continuidade a esse programa, pois eles continuam precisando de nosso apoio, ajuda, carinho, afeto e amizade.
Sabemos que não podemos criar uma geração de mendigos. Nosso objetivo é torná-los auto-suficientes, dando a eles condições de estudo, trabalho e saúde, trazendo-os às escolas, para que professores, pais e alunos possam conviver um pouco com este povo que guarda a história do Brasil pré-colonial e, ao mesmo tempo, resgatando sua auto-estima e sua cultura.

JUSTIFICATIVA

Sabe-se hoje que os índios da tradição Tupi-Guarani são remanescentes de uma importante cultura que surgiu por volta de 5.000 anos na Amazônia e que adaptou-se perfeitamente aos ambientes de florestas entrecortadas de cerrado, que ofereciam bons recursos para a caça e a coleta. Tal tradição alcançou considerável complexidade em termos de organização sócio-política e religiosa (Schmitz, 1991). Pesquisa recente, levada a efeito no litoral sul catarinense, demonstrou como a cultura Tupi-Guarani se estabeleceu nas proximidades de Laguna – SC, por volta do período neolítico e se integrou a paisagem litorânea (Migliazza 1982).

Por estas razões, os remanescentes dos índios Guaranis são de fundamental importância para a compreensão das lendas, ritos e tradições que, encontradas no quotidiano deste povo, prometem assumir um papel decisivo nos próximos anos, sendo referências raras mas essenciais na interpretação dos contextos cerimoniais das sociedades Tupi-Guaranis.

Os poucos sobreviventes são mestiços incorporados na classe mais baixa de pequenas repúblicas subdesenvolvidas, ou indígenas dispersos em busca de um projeto que novamente os possa entusiasmar. (Schmitz 1991). Um vez que há várias aldeias desamparadas nas proximidades da Grande Florianópolis, considerou-se que, a priori, devemos prestar assistência social a aldeia Tekoa Maragattu do município de Imarui e, conforme o sucesso do projeto,
estendê-lo às outras aldeias, gradativamente Como ali ainda existe um núcleo cultural homogêneo, considerou-se prioritária a realização de um projeto de assistência social e educação cultural, capaz de resgatar um pouco da memória Guarani e de suprir algumas das necessidades
emergentes da aldeia, aumentando a qualidade de vida daquela comunidade.

O programa de educação cultural junto à comunidade é considerado, em si mesmo, essencial e prioritário, uma vez que se espera ajudar na preservação futura (do que restou) desta importante nação indígena. Por outro lado, sabe-se que ainda existe uma certa quantidade de conhecimento dispersos na aldeia e a idéia é, juntamente com os trabalhos de educação cultural, registrar através da escrita e de áudio visual o saber desse povo, para produzir livros e documentários de acesso comunitário.

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